
A médica oftalmologista Poliana Pinheiro, do Day Horc, participou, na manhã desta quinta-feira (23/05), do programa Rádio Show, apresentado pelo radialista Paulo Henrique, na Rádio Ativa FM de Eunápolis. Especialista em tratamento do Glaucoma, a médica usou o espaço para chamar a atenção dos ouvintes para a campanha denominada Maio Verde, que alerta sobre a prevenção e o combate à doença.
A causa mobiliza profissionais e instituições de saúde de todo o Brasil e tem o dia 26 de maio como o Dia Nacional de Combate ao Glaucoma, com o objetivo de alertar a população em geral sobre a importância do diagnóstico precoce da doença, afirma a especialista. O tema é notadamente relevante, bastando dizer que, segundo a Organização Mundial da Saúde (PMS), a doença vai afetar, em todo o mundo, 80 milhões de pessoas em 2020.
“Trata-se de uma doença grave, cuja perda – irreversível – do campo visual somente é percebida em estado avançado, quando pode já ter comprometido entre 40% e 50% da visão”, reforçou a médica. Disse também que, “por ser um vilão silencioso, o diagnóstico e o tratamento precoce são fundamentais para conter o desenvolvimento dessa patologia”.

Respondendo a várias perguntas do apresentador Paulo Henrique, que há mais de 20 anos comanda a audiência das manhãs nas emissoras de rádio de Eunápolis, a oftalmologista Poliana Pinheiro alertou que sem uma rotina de consulta oftalmológica, a doença se instala e progride lentamente, podendo demorar meses ou anos para que o paciente perceba.
Segundo ela, “o controle do Glaucoma é o tratamento clínico a base de colírios ou mesmo cirúrgico (com recursos de laser, cirurgia fistulizante, cirurgias angulares, implantes de drenagem e procedimentos ciclo destrutivos)”. Em ambos os casos, o objetivo é controlar a pressão intraocular, e não curar a doença. O glaucoma não tem cura, tem controle. Resumiu.
No entanto, a especialista considerou o avanço da tecnologia como aliada na área do tratamento do glaucoma:
“Existe o laser seletivo indicado para primeiro tratamento, ou para pacientes com glaucoma leve a moderado. E o i-stent, que é um implante de drenagem angular indicado para glaucomas leves a moderados, em pacientes já operados de catarata ou que têm indicação de cirurgia combinada (catarata e glaucoma)”.

Contudo, o principal cuidado continua sendo a prevenção antes de a doença se manifestar, por meio da avaliação oftalmológica regularmente e evitar fazer uso de medicação sem orientação médica. Arrematou a oftalmologista Poliana Pinheiro.
VEJA AQUI MAIS INFORMAÇÕES SOBRE O GLAUCOMA:
– O que é glaucoma e como se manifesta?
É uma neuropatia no nervo óptico que pode causar perda progressiva da visão. Infelizmente trata-se de uma condição silenciosa, ou seja, assintomática.
– Qual a gravidade dessa doença?
No estágio avançado, culmina com a perda de visão. O glaucoma pode levar a cegueira irreversível, se não tratado.
– Quais pessoas estão mais suscetíveis ao problema?
Afrodescendentes são mais suscetíveis ao glaucoma, inclusive às formas de mais difícil controle. Entre os fatores de risco para a doença estão: maiores que 40 anos, histórico familiar de glaucoma, algumas condições oftalmológicas (como altos míopes, pessoas que sofreram trauma ocular, alguns tipos de processos inflamatório e descolamento de retina), uso de medicações (corticoides e antidepressivos) e condições sistêmicas (diabéticos).
– Existem tipos diferentes de glaucoma?
Sim, há dois tipos. Mais comum, o glaucoma de ângulo aberto ocorre quando a capacidade de produção de humor aquoso (líquido presente no interior do olho) é superior à capacidade de absorção. Esse fenômeno aumenta o volume de líquido presente no olho e, consequentemente, eleva a pressão intraocular. Esse tipo é o glaucoma silencioso, em que o paciente demora a perceber a perda visual.

Mais raro, o glaucoma de ângulo fechado ou agudo ocorre quando a produção de humor aquoso no interior do olho é normal, mas o globo ocular não consegue absorver adequadamente o líquido. Apresenta sintomas como dor intensa nos olhos, embaçamento visual, visualização de círculos coloridos em volta das luzes, vermelhidão ocular, dor de cabeça e náuseas.
– Glaucoma Congênito. O que é?
Glaucoma congênito é uma condição rara, que afeta recém-nascidos e crianças nas primeiras fases de vida e tem indicação cirúrgica. O Teste do Olhinho, ainda na maternidade, é muito importante para o seu diagnóstico precoce. Ao contrário do glaucoma juvenil e adulto, tem grande chance de cura com a cirurgia angular, se bem indicada e se efetuada com brevidade. Claro que a resposta da cirurgia varia com o quadro clínico da criança e sua gravidade. Na maioria das vezes, o glaucoma congênito vem acompanhado com outras condições sistêmicas ou genéticas que podem dificultar o tratamento.
– Sintomas
A doença é silenciosa. Inicia-se com a perda de campo visual da periferia para o centro, sem comprometer a visão central. Nos estágios mais avançados, há a percepção da perda de campo periférica e existe a dificuldade de se localizar e locomover espacialmente. Com a progressão da patologia, ocorre a baixa visual gradativa até a completa perda da visão, se a doença não for tratada.
– A hipertensão arterial se relaciona com pressão ocular?
Na grande maioria das vezes, a pressão intraocular encontra-se alta, e controlá-la contribui com o controle da doença –essa medida indica a tensão no interior do olho e tem valor médio de 16 mmHg, mas até 21 mmHg ainda é considerada dentro do limite da normalidade. Embora não exista relação entre a hipertensão arterial e a pressão intraocular, observa-se que muitos pacientes com glaucoma apresentam essa condição.
– Quais os exames realizados para o diagnóstico da doença?
Alguns exames são importantes para detectar o glaucoma: tonometria (mede a pressão intraocular), fundoscopia (avalia o disco óptico), gonioscopia (avalia o ângulo camerular, o ângulo entre a superfície posterior da córnea e a anterior da íris). Esses exames são determinantes para o diagnóstico de glaucoma no consultório médico. A partir daí, se os achados clínicos aumentarem a suspeita, parte-se para exames mais complexos.