
Em setembro do ano passado, quando diversos estudos científicos já descartavam o uso de cloroquina contra a Covid-19, o então ministro da Saúde Eduardo Pazuello ofereceu à Organização Mundial da Saúde o “compartilhamento do protocolo desenvolvido no Brasil para tratamento precoce da doente”.
A sugestão foi feita ao diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, em meio à discussão sobre a adesão brasileira ao consórcio global de vacinas Covax Facility. E está registrada em telegrama do Itamaraty enviado à CPI da Covid e obtido pelo GLOBO.
Desde o início da pandemia, o presidente Jair Bolsonaro defendeu o suposto “tratamento precoce”, como é chamado o uso de medicamento ineficazes para a Covid-19. Ele também criticou a OMS reiteradamente, sobretudo ao rejeitar a recomendação de isolamento social.
Em paralelo: um relatório do Itamaraty sobre a comitiva brasileira que viajou a Israel para conhecer o spray nasal contra a Covid mostra que o deputado Eduardo Bolsonaro acenou ao Parlamento de Israel com a transferência da embaixada do Brasil para Jerusalém e a classificação do Hezbollah como organização terrorista.
Em foco: outro telegrama da diplomacia brasileira, revelado pelo GLOBO, mostra que Jair Bolsonaro intercedeu junto ao primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, para acelerar a liberação de insumos para a fabricação de hidroxicloroquina pelas farmacêuticas EMS e Apsen.
O vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), disse que vai pedir a convocação dos executivos da EMS e a quebra de sigilo da EMS e da Apsen. O senador Rogério Carvalho (PT-SE) disse que vai denunciar Bolsonaro à Procuradoria-Geral da República por tráfico de influência.