Grupo indígena protesta pelo segundo dia seguido em Itamaraju e interdita trecho da BR 101

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Pataxós interromperam o trânsito em trecho da BR-101 na cidade de Itamaraju, no sul da Bahia, nesta terça-feira (22/06), em protesto contra o Projeto de Lei 490/07 – Foto: Reprodução das Redes Sociais

Povos indígenas das étnicas Pataxós ocuparam um trecho da BR 101, na cidade de Itamaraju, nestas terça e quarta-feira (22 e 23 de junho) em protesto contra o Projeto de Lei 490, que está em votação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara e que muda as regras para a demarcação das terras.

Com flechas apontadas para o alto, os indígenas cantaram e dançaram como forma de protesto.

Os protestos fazem parte de uma mobilização de ordem nacional, e tribos indígenas de diversas etnias estão se manifestando há duas semanas contra a votação do projeto. Atualmente, é o Governo Federal que decide a demarcação das terras que são ocupadas pelos indígenas, por meio de ato administrativo executado pela Fundação Nacional do Índio (Funai).

Os indígenas cobram que o PL, que acaba com as demarcações de terras, seja retirado de pauta definitivamente – Foto: Reprodução das Redes Sociais

A Polícia Rodoviária Federal (PRF) informou que acompanhou a manifestação, que bloqueou os dois sentidos da rodovia. A pista foi liberada por volta das 14h.

O trânsito esteve intenso desde as primeiras horas da manhã. Só foram autorizados a passar pelas barreiras equipes do Corpo de Bombeiro, ambulâncias e casos de extrema urgência.

Manifestantes se concentraram na BR-101, na cidade de Itamaraju – Foto: Reprodução das Redes Sociais

Segundo a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), os povos originários serão extremamente prejudicados pelo PL, já que ele permite que o governo tire da posse do indígenas áreas oficializadas há décadas, escancara as Terras Indígenas (TIs) a empreendimentos predatórios, como o garimpo, e, na prática, vai inviabilizar as demarcações, totalmente paralisadas pelo governo Bolsonaro.

Segundo a articulação, o projeto também aplica às demarcações o chamado “marco temporal”, pelo qual só teriam direito à terra os povos indígenas que estivessem em sua posse, no dia 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição, ou que estivessem em disputa judicial ou conflito direto com invasores.

Indígenas ocupam BR 101, em Itamaraju, contra PL que visa acabar com demarcações — Foto: Reprodução/Redes Sociais

A tese desconsidera o histórico de expulsões, remoções forçadas e violências cometidas contra essas populações, em especial durante a ditadura.

“Os ruralistas argumentam que ela deve ser aplicada a todas as demarcações e que já faz parte da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF), o que não é verdade. Pelo menos cinco ministros da Corte – Edson Fachin, Rosa Weber, Marco Aurélio Mello, Roberto Barroso e Ricardo Lewandowski – já se pronunciaram em sentido contrário”, explica a instituição.

Outro entrave às demarcações previstas com o PL, segundo a Apib, é “a possibilidade de apresentação de contestações em todas as fases do complexo e demorado procedimento demarcatório”.

“Questionamentos poderiam ser apresentados por municípios e estados, associações de fazendeiros e invasores. Hoje, a contestação pode ser feita por qualquer pessoa, em até 90 dias após a publicação do relatório de identificação elaborado pela Fundação Nacional do Índio (Funai)”, ressalta a Apib. Com informações do Conselho Indigenista Missionário (CIMI)

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