
Os remanescentes florestais que ainda compõem a bacia hidrográfica do Rio Buranhém, atualmente 18,44%, vêm sofrendo considerável degradação ambiental devido à substituição da cobertura vegetal original por pastagens, que ocupam 71,22% da área da bacia. O Buranhém é responsável pelo abastecimento de água das cidades de Eunápolis e Guaratinga, atendendo a mais de 150 mil moradores (IBGE, 2007).
A fim de demonstrar esse processo de degradação do Buranhém, no início deste mês de junho, o fotográfo e ciclista Urbino Brito percorreu uma considerável área do leito do rio Buranhém, também conhecido com Rio do Peixe.

Ao lado de outros ciclistas, Urbino Brito visitou locais conhecidos, onde já estivera outras vezes, permitindo comparar a situação do curso d’água hoje e nas vezes anteriores, podendo constatar que os problemas são os mesmos, ou seja: assoreamento, redução do volume da água, e o desmatamento nas margens.

O objetivo do grupo, com essa viagem de reconhecimento, é chamar a atenção para a situação deste importante curso d’água, que, segundo os ribeirinhos, “ainda não se findou por causa das águas que chegam do Parque Nacional do Alto Cariri lá na Serra de Baratinho, no Parque Nacional do Alto Cariri, onde existem mais de 800 nascentes e entre 12 e 15 córregos e rios que deságuam todos no seu leito, mantendo vivo o Buranhém”.
OCUPAÇÕES
A Bacia Hidrográfica do Buranhém enfrenta as ocupações desordenadas de suas áreas, principalmente no entorno das nascentes, dos córregos, das áreas úmidas e manguezais e das áreas de encostas, devido à facilidade de acesso a água.
Um desses locais foi nas proximidades do Córrego do Itu e do Córrego da Platina – em frente à fazenda do já falecido Domingos Batista. Nesse local, há cerca de quatro décadas, uma balsa fazia a travessia de pessoas e cargas; cavalos atravessavam nadando; porém, hoje, é possível uma pessoa atravessar “com a água pelo meio da canela”, como dizem os ribeirinhos.

Como se pode constatar nas imagens, animais atravessam o rio, com a água encobrindo apenas uma pequena parte das suas pernas..

Na ponte do Povoado do Ponto Bahia, pode-se constatar que o rio está completamente assoreado. É possível ver a formação dos bancos de areia e um filete de água, cada vez mais estreito e raso.
Nas corredeiras da fazenda de Nilza Colares e na descida da ladeira da Prainha, os ciclistas fotografaram o Vale do Rio, verdinho, mas praticamente seco e ainda mais assoreado. É possível constatar que desmataram todas as matas ciliares das margens dos rios; das nascentes e dos pequenos córregos.

Ainda na fazenda de Nilza Colares, local que tem presença constante de ciclistas, por causa do ‘Percurso da Cabra’, a paisagem é ainda mais desoladora. Nesse local, onde as corredeiras, geralmente com muita água, permitiam aos frequentadores belas imagens, o rio também está praticamente seco.
CARACTERÍSTICA
De acordo com Urbino Brito, a paisagem está “ainda pior do que em 2015 quando este mesmo grupo realizou um segundo sobrevoo sobre o Rio Buranhém”. Frisou ele. “Na ocasião, os ciclistas foram até Santo Antônio do Jacinto, já no território mineiro, na nascente do Buranhém”. Disse.

“Desta forma foi possível identificar que, dentre as referidas áreas, as de faixa marginal a corpos de água e as nascentes são as que mais merecem destaque, devido ao seu uso intensificado por pastagens, devendo ser priorizadas para efeito de recuperação”.
A Bacia Hidrográfica do Rio Buranhém – BHRB – abrange parte do Extremo Sul do estado da Bahia e leste de Minas Gerais, com uma área de 2.504,83 km². Possui suas principais nascentes localizadas no município de Santo Antônio de Jacinto, na Serra dos Aimorés, em Minas Gerais. Conhecido também como rio do Peixe, percorre cerca de 30 quilômetros no território mineiro e 215,5 quilômetros na Bahia até desaguar em Porto Seguro. Com informações de Site Nossa Cara – Fotos: Urbino Brito