O caçador dos deputados “Copa do Mundo”

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Jota Batista – pré-candidato a deputado estadual/PL – Foto Arquivo

Em 2004 eu estava na Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Eunápolis, cujo titular era o médico Gediel Sepulvida Pereira, e ali, acompanhando a eleição de Robério Oliveira e do então radialista Jota Batista, na vice, percebi que Eunápolis renovava o conceito de escolha de gestores.

A participação de um trabalhador negro, oriundo de família pobre, que vendeu picolé nas ruas e terminou o nível médio com muito esforço, abriu espaço para pessoas que não eram oriundas da “aristocracia” capenga da cidade, formada então por médicos vindos do sul do país, empresários e fazendeiros que “pouco ou nada” estavam se lixando para os destinos da cidade.

Aqui era local de ganhar dinheiro, fato que explica, em parte, ainda hoje, a cidade não ter sequer cinco por cento dos imóveis atendidos com rede de saneamento básico. Eunápolis ainda vive sobre fossas, em pleno século 21, possivelmente contaminando cisternas e o lençol freático.

Bom, mas voltando a Jota Batista, hoje, qualquer pessoa, de qualquer camada social, pode aspirar a um cargo como por exemplo de deputado ou de prefeita da cidade. Inúmeras vezes a atual prefeita, Cordélia Torres (União Brasil) lembra que é filha de um feirante, um trabalhador humilde que vendia laranjas na feira do Bueiro.

Quebrou-se, pelo menos aqui em Eunápolis, o estigma de que para ser um prefeito ou deputado era necessário ser médico, filho de médico ou de fazendeiro, advogado, ou de ex-governador, ex-senador ou desembargador.

Isso precisava acontecer.

Hoje, só pra registro, João Batista Alves Pereira, vice-prefeito de Eunápolis (2005-2008), duas vezes vereador e com capacidade de transferência de votos suficientes para ajudar a eleger a mulher dele, Arilma Rodrigues, ao cargo de vereadora, fez Faculdade e tornou-se um dos mais requisitados advogados da região, tendo sido procurador jurídico da Secretaria de Meio Ambiente de Porto Seguro. Fora a autoria de inúmeros projetos de Lei que viu aprovados na Câmara de Vereadores de Eunápolis, como o Solo Legal.

Diplomado para a reeleição de vereador em 2016 – Foto: Arquivo

Agora, Jota Batista é pré-candidato a deputado estadual e levantou, na pré-campanha, a bandeira do voto da terra e o fim dos mercenários, alpinistas e malabaristas do período eleitoral que chegam para “ganhar um dinheiro extra”, se dizendo “lideranças”, gente que não consegue ganhar sequer uma eleição para vereador se não estiver no poder, distribuindo cestas básicas.

E ele chega, como sempre, incomodando, arrastando cadeiras, tirando todo mundo da zona de conforto, e, com sua voz eloquente, muitas vezes confundida com arrogância, vício dos velhos tempos em que foi locutor de rádio AM, vai avisando que não pretende usar o mandato, se eleito, como trampolim para a Prefeitura. Sua candidatura, com apoio declarado do prefeito de Porto Seguro, Jânio Natal, é uma decisão madura, refletida e consciente, com a expectativa de que poderá contribuir, pelo menos nos discursos, para discutir maior legitimidade no processo político eleitoral em Eunápolis.

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