Lula abriu a 78ª Assembleia da ONU nesta terça-feira (19/09), em Nova York – Foto: Ricardo Stuckert

Em discurso na Assembleia da ONU, Lula destaca ‘vitória da democracia’ no Brasil

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Lula abriu a 78ª Assembleia da ONU nesta terça-feira (19/09), em Nova York – Foto: Ricardo Stuckert

O discurso do presidente Lula na abertura da 78ª Assembleia Geral da ONU, nesta terça-feira, 19 de setembro, ganhou proporções históricas ao abordar praticamente todos os principais desafios da humanidade na atualidade e por imprimir uma visão do Sul Global diante desses temas.

Este foi o seu retorno ao Parlamento mundial após 14 anos. Em suas primeiras palavras, Lula recordou não aquele último discurso, e sim o primeiro. “Há 20 anos, ocupei esta tribuna pela primeira vez, e disse, naquele 23 de setembro de 2003, ‘que minhas primeiras palavras diante deste Parlamento Mundial sejam de confiança na capacidade humana de vencer desafios e evoluir para formas superiores de convivência’. Volto hoje para dizer que mantenho minha inabalável confiança na humanidade”.

O mandatário brasileiro disse que seu retorno a Nova York é “um triunfo da democracia” no Brasil, e que o país “está de volta para dar sua devida contribuição ao enfrentamento dos principais desafios globais”.

Em discurso na Assembleia da ONU, Lula destaca ‘vitória da democracia’ no Brasil

O brasileiro também destacou que sua eleição no ano passado se deu “graças à vitória da democracia” no Brasil, superando “o ódio, a desinformação e a opressão”.

De acordo com Lula, por conta da sua eleição, o país está se “reencontrando consigo mesmo”, retomando uma política externa que, durante o governo de Jair Bolsonaro, foi usurpada.

Além disso, o presidente ressaltou que os “escombros do neoliberalismo” deram origem a “aventureiros de extrema direita que negam a política e vendem soluções tão fáceis quanto equivocadas”, impulsionando um “nacionalismo primitivo, conservador e autoritário”.

“Repudiamos uma agenda que utiliza os imigrantes como bodes expiatórios, que corrói o Estado de bem-estar e que investe contra os direitos dos trabalhadores. Precisamos resgatar as melhores tradições humanistas que inspiraram a criação da ONU”, disse.

Lula utilizou sua fala para também criticar a crescente desigualdade no mundo, afirmando ser necessário “vencer a resignação que nos faz aceitar tamanha injustiça como fenômeno natural […]. Para vencer a desigualdade, falta vontade política daqueles que governam o mundo”.

O presidente disse que somente “movidos pela força da indignação” que se poderá agir com “vontade e determinação para vencer a desigualdade e transformar efetivamente o mundo a nosso redor”.

“A fome, tema central da minha fala neste Parlamento mundial 20 anos atrás, atinge hoje 735 milhões de seres humanos, que vão dormir sem saber se terão o que comer amanhã. O mundo está cada vez mais desigual, e os 10 maiores bilionários possuem mais riqueza que os 40% mais pobres da humanidade. O destino de cada criança que nasce neste planeta parece traçado ainda no ventre de sua mãe”, disse o presidente brasileiro.

78ª ASSEMBLEIA DA ONU

Em outro momento importante de sua fala, aproveitou para reivindicar a liberdade do ativista e jornalista australiano Julian Assange. “É fundamental preservar a liberdade de imprensa. Um jornalista como Julian Assange não pode ser punido por informar a sociedade de maneira transparente e legítima”.

Além disso, rechaçou as sanções econômicas e o embargo contra Cuba: “o Brasil seguirá denunciando medidas tomadas sem amparo na Carta da ONU, como o embargo econômico e financeiro imposto a Cuba e a tentativa de classificar esse país como Estado patrocinador de terrorismo. Continuaremos críticos a toda tentativa de dividir o mundo em zonas de influência e de reeditar a Guerra Fria”.

A questão cubana foi uma deixa para entrar em um problema mais profundo, através do qual Lula reivindicou a criação do Estado Palestino e de uma reforma do sistema da ONU.

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