Matemática do fim dos tempos, ou a prova dos nove fora

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Embora os textos oficiais ou oficiosos sejam de comemoração ufanista pela aprovação das contas de 2021 da alcaidessa, nessa quinta-feira (21/09), a narrativa eleitoral dos números (9 x 8) antecipa apenas um final melancólico para o mandato da prefeita Cordélia Torres (UB) de Eunápolis (BA).

Foram nove votos contrários a uma prestação de contas que já veio com indicativo de aprovação, embora com ressalvas, inclusive orientação para devolução de recursos do Fundeb superiores a 3 milhões de Reais. No entanto, a prerrogativa de aprovar ou rejeitar é dos legisladores.

O curioso é: consta que na noite anterior o casal de gestores recebeu para um jantar, na novíssima e nababesca mansão das estrelas, um grupo de 10 vereadores. Todos fechadíssimos com o propósito de fortalecer a gestão.

Contudo, não foi o que ocorreu no dia seguinte. Os 10 votos transformaram em oito e as contas do primeiro ano da gestão mambembe só foram aprovadas por um triz. Ou seja, ganhou, mas não levou.

Nessa mesma noite de quinta (desculpe o trocadilho feio), já com clima de delação premiada, um novo jantar aconteceu, esse em um céu não tão estrelado, e o cardápio era “cabeça de traidor ao molho de laranja”.

Três dos convidados não apreciaram a iguaria. Outro, o mais afoito deles, colocou três cabeças no seu prato e saiu dizendo aos quatro ventos: “eu jamais trairia, inclusive, na noite anterior, até jantei com a alcaidessa na casa dela”.

Querido, deixa só apontar três coisinhas: Primeiro – Judas também ceou com Jesus na noite anterior à sua prisão…

Segundo: esta matemática de fim de mandato tende a piorar. Ninguém aguenta uma carga tão pesada.

Terceiro: sobre esse discursinho de traição, houve uma traição mais relevante e anterior. Refiro-me à traição de quem jogou no lixo 29.925 mil votos e não cumpriu 10 por cento das promessas de palanque.

“Quando o inimigo te abraça com entusiasmo e teus concidadãos te rejeitam com rancor, é difícil que não te perguntes se não és, na realidade, um traidor” (Ursula Kroeber Le Guin, Os Despossuídos).

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